Precisamos de um Quadro Comum?
- gladysquevedo3
- 14 de out. de 2024
- 2 min de leitura

"Language standards are expressions of the language expectations of language learners on their pathway toward acquiring a new language through listening, speaking, reading and writing within a school setting."
(Gottlieb, 2012, p. 74)
Vou traduzir livremente a citação acima da seguinte forma:
"Os níveis padronizados de proficiência linguístico-discursiva são expressões das expectativas colocadas aos aprendizes de línguas adicionais em seu caminho para adquirir uma nova língua através das habilidades de ouvir, falar, ler e escrever em um ambiente escolar."
Essa citação nos remete às famosas escalas de proficiência, como por exemplo o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR), o quadro canadense (Benchmarks) ou o conjunto de padrões da World-Class Instructional Design and Assessment (WIDA).
Gottlieb define os níveis padronizados como expressões das expectativas de aprendizagem, as quais acabam servindo como um mapa para a condução do aprendizado em sala de aula.
No Brasil, não adotamos oficialmente nenhuma escala de proficiência, nem temos padrões estabelecidos para o ensino de línguas adicionais. Há, contudo, uma adoção informal do CEFR por muitas escolas, por diversos sistemas de ensino e também por muitos materiais e livros didáticos. Paralelamente, nossas diretrizes oficiais sobre o crescente do aprendizado em língua inglesa estão contidas na Base Nacional Comum Curricular, a partir do 6o ano do ensino fundamental.
Temos, na nossa sociedade e na nossa educação, duas réguas, duas realidades, que fatalmente intensificam a desigualdade no aprendizado da língua inglesa - única língua adicional oficialmente ensinada no país. Ao mesmo tempo, questiona-se o uso do CEFR, um quadro feito com base na realidade europeia, distante do contexto brasileiro.
Diante disso, cabe refletirmos sobre as seguintes questões:
É possível termos níveis padronizados de proficiência linguístico-discursiva para o sistema educacional brasileiro como um todo? Isso seria relevante? O que os alunos, professores e demais agentes educacionais ganhariam/perderiam com isso?
É adequado utilizarmos um quadro feito para outra sociedade, seja ele para a sociedade europeia, estadunidense ou canadense? Ou seria melhor desenvolvermos o nosso próprio quadro? Nesse caso, que lições temos a aprender com os quadros já existentes em outros países?
Quais as consequências educacionais, sociais e econômicas da existência e da inexistência de uma régua brasileira?
É preciso discutir essas questões!
Referência:
Gottlieb, Margot. An overview of language standards for elementary and secondary education. In: Coombe, Christine; Davidson, Peter; O’Sullivan, Barry; Stoynoff, Stephen. The Cambridge guide to second language assessment. Cambridge: Cambridge University Press, 2012, p. 74-81.
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