A importância do feedback

Em um artigo bastante famoso publicado por Hattie e Timperley em 2007, o feedback foi descrito como "uma das influências mais poderosas na aprendizagem" (p. 81). Essa influência pode ser tanto positiva quanto negativa, e esse artigo investiga o que as pesquisas podem nos dizer sobre como o feedback pode ser moldado para ser mais positivo. Feedback é a informação que um aprendiz recebe sobre sua aprendizagem de línguas e refere-se, mais comumente, a informações sobre sua produção linguístico-discursiva (fala e escrita), embora também possa abranger leitura e escuta, habilidades de estudo, atitudes, esforço e assim por diante. 

Embora o feedback seja relevante para aprendizes de todas as idades, o feedback com aprendizes mais jovens em estágios menos avançados de desenvolvimento cognitivo, social e emocional precisa ser abordado de forma bastante diferente. O feedback pode ser tanto somativo (uma avaliação, tipicamente dada por uma pontuação, do trabalho de um aluno ou no final de um período de estudo) quanto formativo (informação que visa ajudar o aprendiz de alguma forma, dada continuamente durante o aprendizado) (Lee, 2017). Essa distinção é frequentemente capturada nos termos "avaliação da aprendizagem (Assessment of Learning)" e "avaliação para a aprendizagem (Assessment for Learning)". 

Na prática, o feedback é quase sempre, em certa medida, uma instância de julgamento e frequentemente destina-se a servir a ambos os propósitos, mas como o feedback é dado dependerá da importância relativa atribuída a esses amplos objetivos. Pesquisas mais recentes preocupam-se particularmente com o feedback formativo, chamado de "feedforward", que pode ser um termo melhor, pois esse tipo de feedback fornece informações sobre o que o aprendiz pode ou deve fazer a seguir, no futuro. A forma mais comum de feedback em aulas de línguas é provavelmente a correção de erros (feedback corretivo), onde o objetivo geralmente é mostrar caminhos para melhorias na acurácia linguístico-discursiva do aprendiz. De maneira geral, os três propósitos fundamentais e inter-relacionados do feedback são:

• melhorar a fluência, acurácia ou complexidade da fala e escrita dos aprendizes,

• motivar os aprendizes, e

• desenvolver a autonomia do aprendiz.

À luz desses objetivos, o feedback somativo na forma de notas é frequentemente problemático. Sabe-se que comentários e sugestões levam a ganhos de aprendizagem maiores do que a simples atribuição de notas (Hattie; Timperley, 2007), e que comentários e sugestões têm mais probabilidade de contribuir para a aprendizagem quando não são acompanhados por notas (Lee, 2017). Se, como às vezes acontece com trabalhos escritos, for necessário que um professor combine as funções formativas e somativas do feedback, deve-se considerar a possibilidade de reter ou adiar a divulgação das notas. Isso aumenta a probabilidade de os aprendizes prestarem atenção aos comentários qualitativos e de promover um foco na aprendizagem futura.

Referências: 

Hattie, J. and Timperley, H. (2007). The Power of Feedback. Review of Educational Research, 77(1), pp. 81–112.

Lee, I. (2017). Classroom Writing Assessment and Feedback in L2 School Contexts. Singapore: Springer.

* Tradução e adaptação minhas do material Giving feedback to language learners, Cambridge University Press, 2020.