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Avaliar não é punir!

  • gladysquevedo3
  • 29 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura


“A avaliação de línguas não é uma punição: Eu experimentei pessoalmente e vi avaliações de línguas sendo usadas como artefatos de punição quando os alunos se comportam mal, ou como meio de controlar a disciplina e, de forma geral, para exercer poder. Concordo com Shohamy (2001) e Davies (2008) quando afirmam que esses usos dos testes de linguagem precisam ser criticados e submetidos a escrutínio, no nosso caso específico, na formação de professores de línguas." (Giraldo, 2021, p. 105 - minha tradução)


Giraldo aborda uma crítica importante sobre a maneira como a avaliação de línguas pode ser mal utilizada no contexto educacional. Ele começa com a ideia de que a avaliação de línguas não deve ser vista como uma forma de punição e controle, mas utilizada como um instrumento pedagógico construtivo.

Vamos imaginar a seguinte situação: um professor dá uma prova difícil aos alunos como uma forma de “puni-los” por não estarem se comportando bem na sala de aula. Em vez de usar a avaliação para medir o progresso dos alunos e ajudá-los a melhorar, o professor está aplicando a prova como uma forma de vingança pelo mau comportamento dos alunos, o que desvia o propósito da avaliação. Em outras palavras, em vez de promover o aprendizado, essas práticas manipulam a avaliação para fins disciplinares, o que é uma distorção dos objetivos da avaliação, pois ela se transforma em um instrumento de coerção. 

A avaliação deve ser usada para identificar as necessidades de aprendizagem dos alunos e ajudá-los a avançar em suas habilidades linguísticas. Nessa perspectiva, uma prática adequada seria usar a avaliação para fornecer feedback construtivo e apoiar o desenvolvimento dos alunos, como oferecer atividades de revisão ou suporte adicional com base no desempenho dos alunos em uma avaliação.

Quando a avaliação é manipulada para reforçar a autoridade do professor ou para manter a ordem, ela perde sua função educacional. Se um professor usa a avaliação para demonstrar sua autoridade, como dar um teste com a intenção de intimidar os alunos, isso pode ser um abuso do papel do avaliador. Na verdade, a avaliação deve ser uma ferramenta para promover o aprendizado e o crescimento dos alunos, proporcionando oportunidades para que os alunos mostrem o que aprenderam e onde podem melhorar.

A citação também menciona a necessidade de criticar essas práticas de avaliação na formação de professores de línguas. É importante que futuros professores sejam formados para entender a avaliação como um instrumento pedagógico e não como uma ferramenta de controle ou punição. Em um curso de formação de professores, é crucial ensinar aos futuros educadores como usar a avaliação para apoiar o desenvolvimento dos alunos. Nesse sentido, seria interessante, por exemplo, implementar módulos em programas de formação de professores que enfatizassem a ética da avaliação, incluindo a criação de práticas avaliativas que sejam justas, transparentes e focadas no desenvolvimento dos alunos.

Giraldo se baseia em críticas feitas por Shohamy (2001) e Davies (2008) sobre a avaliação de línguas. Shohamy argumenta que os testes de língua exercem impactos sociais e políticos e que devem ser usados de forma ética e responsável. Ela critica o uso dos testes para reforçar desigualdades e o controle dos alunos. Davies, por sua vez, explora a filosofia dos testes e a necessidade de refletir criticamente sobre como os testes  são usados. Ele defende que os testes devem ser usados para apoiar a aprendizagem, não para punição ou controle. Na verdade, tanto os argumentos de Shohamy quanto os de Davies se aplicam também às práticas avaliativas utilizadas nas salas de aula. 

Em resumo, nessa citação, Giraldo sublinha uma visão crítica sobre o uso da avaliação de línguas como um instrumento de punição e controle, e defende que essa perspectiva deve ser examinada e corrigida, especialmente na formação de professores. A avaliação deve ser uma prática pedagógica construtiva e ética, destinada a apoiar o desenvolvimento dos alunos e não a exercer poder ou disciplina.


No original:

Language assessment is not punishment: I have experienced firsthand and seen language assessments being used as artifacts for punishment when students misbehave, or as a means to control discipline, and overall, to exercise power. I agree with Shohamy (2001) and Davies (2008) in stating that these uses of language testing need to be criticized and brought forward for scrutiny, in our specific case, in language teacher education.


Referências:

DAVIES, Alan. Textbook trends in teaching language testing. Language testing, 25(3), 327–347, 2008. DOI: 10.1177/0265532208090156 


GIRALDO, Frank. Language assessment literacy and the professional development of pre-service foreign language teachers. Manizales: Universidad de Caldas, 2021.


SHOHAMY, Elana. The power of tests: a critical perspective on the uses of language tests. Pearson Education, 2001.


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