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A avaliação como expressão da filosofia educativa

  • gladysquevedo3
  • 22 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

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No livro “Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior”, de autoria do professor José Dias Sobrinho, encontrei  o seguinte:  “A avaliação é, assim, muito mais uma expressão da filosofia educativa que um instrumento burocrático. Deve ter uma função muito mais crítica, que meramente de constatação. Deve analisar o realizado, mas para melhor cumprir o que há por realizar” (Dias Sobrinho, 2023, p. 180). Essa citação apresenta uma visão profunda e crítica sobre a função da avaliação no contexto educacional. 

A primeira parte nos convida a ver a avaliação não apenas como uma prática técnica, mas como um reflexo das ideias e valores subjacentes à filosofia educativa de uma instituição ou sistema educacional. A filosofia educativa é um conjunto de princípios e objetivos que orientam o processo de ensino e aprendizagem. Portanto, a forma como a avaliação é realizada deve ser uma extensão desses princípios.

Imagine uma escola que adota a filosofia educativa de educação para a autonomia. Nesse contexto, a avaliação pode ser orientada por práticas que promovam a autoavaliação e o desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos. Em vez de focar apenas em notas e classificações, a escola pode implementar métodos de avaliação formativa, como portfólios ou autorreflexão, para que os alunos possam monitorar seu próprio progresso e identificar áreas para melhoria. Por outro lado, se a avaliação for apenas um exercício burocrático, como a aplicação de provas padronizadas com o único objetivo de classificar os alunos, ela se torna um mero processo de verificação sem considerar as intenções pedagógicas mais amplas.

O conceito de avaliação como uma prática crítica sugere que a avaliação deve ir além da simples medição de desempenho. Em vez de se limitar a constatar o que já foi alcançado, a avaliação deve oferecer insights sobre como melhorar e avançar em direção a objetivos futuros. Assim, por exemplo, se um professor realiza uma avaliação e percebe que muitos alunos têm dificuldades com um conceito específico, a função crítica dessa avaliação seria investigar por que essa dificuldade existe e ajustar o plano de ensino para abordar a questão de maneira mais eficaz; o professor pode optar por revisar o material com mais exemplos práticos ou adotar novas estratégias de ensino. Uma abordagem meramente constatativa seria a de simplesmente registrar as notas dos alunos e seguir em frente, sem considerar as implicações dos resultados para futuras ações pedagógicas.

O que mais me chamou a atenção nessa citação foi sua oração final, em que Dias Sobrinho fala da análise do realizado para melhor cumprir o que há por realizar. Perfeito, pois indica que a avaliação deve ser um processo dinâmico e contínuo. Em vez de ser um evento isolado, a avaliação deve servir como uma ferramenta para ajustar e melhorar práticas pedagógicas, garantindo que os objetivos educativos sejam alcançados de maneira mais eficaz. 

A citação destaca que a avaliação deve ser uma prática dinâmica e reflexiva, fortemente alinhada com a filosofia educativa e voltada para a melhoria contínua. Esse entendimento contrasta com visões mais superficiais e burocráticas da avaliação, promovendo um papel mais robusto e transformador na educação.

Em uma perspectiva crítica, podemos questionar como diferentes sistemas educacionais e práticas de avaliação podem alinhar mais efetivamente suas estratégias com essas ideias, considerando tanto os contextos práticos quanto os teóricos da educação. 


Referência:

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez, 2003. 


 
 
 

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